Houve um tempo em que era fácil dizer não. Um tempo em que eu tinha cinco, sete, treze anos de idade e ficava no banco de trás do carro observando pouco a paisagem, perguntando quando tempo faltava para chegar, os hormônios de ansiedade palpitando por cada pedaço do corpo, um prazer imensurável pelo destino. Dias e noites onde tudo tinham um fim específico, claro, mesmo que fosse só construir uma casa de madeira na árvore segura e espaçosa, com vista para as margens do rio.
Pouco se percebia a paisagem como se percebe hoje. O caminho. Fica mais fácil dizer sim para o Mundo quando se compreende a beleza, a importância e a existência das montanhas, as curvas e curvas das estradas, as duas faixas amarelas no centro meticulosamente desenhadas, pintadas e preocupadas em te levar adiante, além do que se vê por cima do horizonte que mergulha nos filetes de sol que sobrevivem depois das nuvens que estão no céu.
Nenhuma palavra pode descrever o que é estar vivo neste período particular da história, ano de dois mil e dez, com todo um sentimento universal se espalhando em correntes antes não existentes. Ficou mais fácil se unir para criar, para se juntar, e para fazer acontecer. Ficou mais fácil construir um tempo especial a sua maneira, explosivo e efêmero, eterno e mutável, e - mais do que tudo – sincero. Ficou mais fácil ser sincero com o que somos.
Hoje sou um sismógrafo. Eu sinto, eu escrevo.
E não importa a magnitude dos fatos, a duração dos tatos, a procedência e o culminar, o dobrar da esquina numa sexta-feira de frio. Tudo que balança o meu universo vira palavras e virgulas, combinações cuidadosas de frases montadas como um quebra-cabeça de peças infinitas. Posso marcar o topo. Posso sentir o quase nada. E vou sempre continuar Sendo.
É como uma pena. Cedo ou tarde ela tem que se libertar para poder voar inconsequente no meio do vento, carregada pela brisa, pela maresia das praias que encontrar no caminho, nos sopros e lampejos que impulsionarão seus voos sorrateiros pelas raízes da vida. Hoje é cada vez mais natural, inevitável e necessário embarcar na viagem, aceitar o caminho, Ser e deixar-se viver pelas escolhas libertinas orientadas pelos mistérios do planeta.
Dois mil e dez, pois. Quero só deixar registrado que eu vim, vivi, e estou vivendo. Todos os outros momentos da história já existiram, já tiveram um início, e já aportaram em um final. Mas esta noite não. A manhã de amanhã também não. Essa década inteira apenas começou a ser escrita.
Fico pensando em tudo isso olhando a cidade inteira brilhando lá embaixo, milhões de centelhas de almas acendendo e apagando em bares com os letreiros acesos, milhões de almas iluminadas em faíscas em cada tato que tateiam, em cada conversa desajeitada que é desconversada, olhos e beijos explodindo em saudade de tudo que podemos Viver amanhã. Não é porque estamos em 2010. Ou porque todo esse espírito parece com o de 1960. É simplesmente porque agora é... agora. E o depois é o infinito. Só o infinito e tudo mais.
Pouco se percebia a paisagem como se percebe hoje. O caminho. Fica mais fácil dizer sim para o Mundo quando se compreende a beleza, a importância e a existência das montanhas, as curvas e curvas das estradas, as duas faixas amarelas no centro meticulosamente desenhadas, pintadas e preocupadas em te levar adiante, além do que se vê por cima do horizonte que mergulha nos filetes de sol que sobrevivem depois das nuvens que estão no céu.
Nenhuma palavra pode descrever o que é estar vivo neste período particular da história, ano de dois mil e dez, com todo um sentimento universal se espalhando em correntes antes não existentes. Ficou mais fácil se unir para criar, para se juntar, e para fazer acontecer. Ficou mais fácil construir um tempo especial a sua maneira, explosivo e efêmero, eterno e mutável, e - mais do que tudo – sincero. Ficou mais fácil ser sincero com o que somos.
Hoje sou um sismógrafo. Eu sinto, eu escrevo.
E não importa a magnitude dos fatos, a duração dos tatos, a procedência e o culminar, o dobrar da esquina numa sexta-feira de frio. Tudo que balança o meu universo vira palavras e virgulas, combinações cuidadosas de frases montadas como um quebra-cabeça de peças infinitas. Posso marcar o topo. Posso sentir o quase nada. E vou sempre continuar Sendo.
É como uma pena. Cedo ou tarde ela tem que se libertar para poder voar inconsequente no meio do vento, carregada pela brisa, pela maresia das praias que encontrar no caminho, nos sopros e lampejos que impulsionarão seus voos sorrateiros pelas raízes da vida. Hoje é cada vez mais natural, inevitável e necessário embarcar na viagem, aceitar o caminho, Ser e deixar-se viver pelas escolhas libertinas orientadas pelos mistérios do planeta.
Dois mil e dez, pois. Quero só deixar registrado que eu vim, vivi, e estou vivendo. Todos os outros momentos da história já existiram, já tiveram um início, e já aportaram em um final. Mas esta noite não. A manhã de amanhã também não. Essa década inteira apenas começou a ser escrita.
Fico pensando em tudo isso olhando a cidade inteira brilhando lá embaixo, milhões de centelhas de almas acendendo e apagando em bares com os letreiros acesos, milhões de almas iluminadas em faíscas em cada tato que tateiam, em cada conversa desajeitada que é desconversada, olhos e beijos explodindo em saudade de tudo que podemos Viver amanhã. Não é porque estamos em 2010. Ou porque todo esse espírito parece com o de 1960. É simplesmente porque agora é... agora. E o depois é o infinito. Só o infinito e tudo mais.