domingo, janeiro 24, 2010

Viajo porque preciso, volto porque te amo

Tudo mudou desde que você foi embora. Choveu quatro ou cinco noites seguidas, fez um pouco de frio, e tive até que aposentar alguns dos meus destinos preferidos, todos que lembravam você. Coloquei mais uma vez a minha vida na estrada, dessa vez sozinho, e tentei me convencer que um pouco de viagem me faria esquecer de nós dois, das nossas conversas, e dos olhares que trocamos no dia que saímos por aí para desbravar as entranhas esquecidas do mundo.

Sinto sua falta, confesso.

Ontem, no caminho, tudo me lembrou você, todas as cidades, bares e botecos, as casas brancas pequenas estiradas no meio das montanhas, e as gotas de chuva tristes que dançavam no ar antes de serem atropeladas pelo carro, pelo vento, e pelo movimento das folhas na copa das árvores. Pensei em você quando encontrei uma cachoeira escorrendo pela serra e pensei depois, quando mergulhei fundo na água, bem fundo, vendo os peixes se espalharem pela luz do sol submersa além da superfície.

Você foi, mas ficou no meu peito e nas minhas palavras confusas, deixou em mim uma saudade solitária, tímida e contida. Se hoje vivo é porque sigo indecisamente firme, silencioso e certo na estrada; dirijo trôpego pela direção errada sem medo nenhum de aceitar e reconhecer: como doeu amar você.

Bernardo Biagioni

4 comentários:

Julia disse...

Nossa.. senti ate a minha 3 geraçao um calafrio...como doeu amar voce...
eu tb viajo pq preciso... e volto sempre pq amo..

Anônimo disse...

como dói amar você!

Mafê Probst disse...

O amor dói, mesmo quando é correspondido. E, rapaz, caramba! Você escreve muito bem. Vou anotar e seguir aqui, pra não perder-te de vista.

:*

Anônimo disse...

ótimo