terça-feira, maio 12, 2009

Rastros

Desde o momento em que você partiu, eu tenho me equilibrado bêbado. Fumo dois ou três cigarros por dia e tudo que escrevo acaba virando qualquer porcaria sucumbida na rodela da minha lixeira. Quanta merda passa pela minha cabeça. Tenho desenhado a nossa pequena distância em cadernos recheados de saudade. Sinto meu corpo sentindo em silêncio os seus lábios caminhando sorrateiramente pelo viés da nossa vontade. Quanta vontade existe entre nós dois. Hoje errei a minha agenda mais uma vez, todas as minhas datas ficaram ultrapassadas pelo depois. Não consigo falar tudo que quero e tudo que disse já não diz tudo mais. Agora estou rouco, louco e tudo que digo fica pouco perto do que passa por aqui. Meu corpo inteiro está em chamas, correm por minha pele lâminas ensandecidas pelo crepitar do fogo. Quando, pois, nos veremos de verdade de novo? Dar os braços aos abraços e recomeçar o nosso jogo? Este tempo sem você já começa cedo a ficar demais. Mas ver como estamos nos vendo eu já não quero mais. Eu quero é mais.

Bernardo Biagioni

5 comentários:

gabriela disse...

quando a gente quer mais, a gente dá um jeito de conseguir... ;)

TATIANA SÁ disse...

Sofre não.
Adoro o jeito que escreve.

Unknown disse...

E ela? não quer?

Jackellyne Oliveira disse...

=~~~~~~~~

Tomaz de Alvarenga disse...

Biagioni, escreva um livro, meu caro.
Você merece. E necessita.

abração!