segunda-feira, maio 18, 2009

Dois.

Agora que se foda. Já não fazem mais sentido todos estes versos, agora tão inversos no despropósito desatento do nosso tempo. Chega dessas lágrimas frias e densas, tanta dor tracionando o meu atento desalento. Quanta tristeza está incrustada no meu peito, um amontoado de despeito indócil que limita o meu caminho. Chega de todo esse pensamento febril, matam-me as lembranças imortais dos ontem e anteontem em que desafiamos a nossa infelicidade. Não posso mais insistir naquilo que sinto por demais, minha alma por si chora na inveja de outrem. Chega também do seu número, esquecerei comigo as minhas desventuras pelo seu doce e encantado futuro. Agora sim eu quero mais. Correr os dedos pelas petulâncias inseguras do mundo e dormir em paz com o meu desespero. Hoje, somente hoje, quero adormecer sem me apaixonar ainda mais pelos nossos anseios. Quero sorrir comigo mesmo e apagar sem pressa a tua imagem do nosso espelho.

Quanta bobagem escrevo quando tenho medo.

Bernardo Biagioni

Um comentário:

Jackellyne Oliveira disse...

quanta bobagem gostosa....
=*