terça-feira, julho 29, 2008

Valsinha III

Eu não sei falar latim. Mas escrever-te-ia assim, se tanto fosse necessário. Aquela estória de ser poeta e não saber amar... Eu não sou poeta (sou?) e não sei amar. Mas eu sei amar, também. Sei amar os teus lábios, sim? Eu conheço o teu caminhar. O barulho como desliza a tua rasteirinha de forma sorrateira pelo beco escuro da minha vida - miserável? Mas eu sou um tanto feliz, juro. Contudo sou vítima deste desafeto inoportuno de querer-te por demais. Eu te quero demais. Sei ate quando teus olhos terão de piscar. Posso sentir a tua musculatura facial se curvando à um sorriso inocente, decente como não se vê mais. Você é linda, pois eu digo. Linda ate quando tenta parecer chata, opaca da luz que seus olhos procuram cintilar. Você é um beijo. A ligação entre dois lábios carentes, duas mentes descontentes de se verem sozinhas - num mundo febril? Eu sou gentil, vale esta rima? Eu posso escorregar os meus dedos esquerdos sobre todo seu corpo, sem parecer maníaco ou louco. Eu sou louco por você. Queria poder negar sem medo para o meu espelho que este coração de merda está batendo por você. Mas sou fraco, lembra? Sou fraco da cabeça, desde o momento que toquei em você. Eu toquei uma canção, não? Alguma bossa-nova velha perdida no meu aiaiai Brasil. Eu te quero, viu? Quero como queria querer alguém lá quando escrevi, e não menti, a minha primeira poesia. Não vou falar que te amo, porque não sou poeta. Ou não sou poeta porque não vou falar que te amo? Na verdade, quem se importa? Adoro-te.

Bernardo Biagioni.

2 comentários:

Thaís Pacheco disse...

Nesta vc se superou mais do que nunca.
Genial!

Anônimo disse...

A paixão, Doce quando compensada!