Por brincadeira do destino foi com ele que comentei da saia rodada da menina que passava na rua. Ele sorriu, e num suspiro incessante deixou escorregar a alegria de viver. E abriu a boca para dizer, percebi que fazia mais, era feito entoar uma bela canção, uma voz rouca, rasgada, digna de um verdadeiro trovador. Não percebeu o meu espanto, nem poderia fazê-lo, pois ainda admirava a mulata que rodava o vestidinho como se dançasse um bolero inglês. Era mendigo, feio esse nome, mas assim meu leitor vai entender de quem estou falando. Locutor de rádio não falaria tão bonito, tão suave, e nem seresteiro apaixonado flecharia seu amor com uma melodia tão profunda. O que a mulata tinha para se mostrar, ele tinha escondido, feito um samba improvisado num porão escuro, enquanto pelas ruas escandalizam um carnaval contrabandeado. Agora estou falando de samba, o verdadeiro bamba de quem coloca os dedinhos para cima e deixa os pezinhos bailarem. Estou falando do verdadeiro trio elétrico, aquele que sacode até quem já descansa
Anda mulata, dança!
Bernardo Biagioni
Um comentário:
Um pouco de demora, mas eu não deixaria de comentar por nada nesse mundo.
Ótimo texto como todos os outros.
Beijos!
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