Levante o leme, sobe a corda. Olha só estes tempos estranhos serpenteando pelas ruelas estreitas, bares esfumaçados, quebradas quentes e iluminadas pelos desencantos mundanos. Tem me tirado o fôlego viver e respirar, e sorrir e chorar, dobrar o inconsciente atento para amar com menos dor, menos pudor. Reviver a poesia que canta e encanta, os lábios e rastros perdidos na outrora desventura de viver entregue ao vento que sopra distante no oceano.
Estamos todos loucos, soltos e entregues ao desamor do tempo. Sentimos falta de sentir saudade, vontade, e toda a bondade que alimenta o frescor dos versos. Todos os caminhos soam incertos na busca e procura por um amor que queime, que arda, mas que conforte as desilusões corriqueiras arrastadas por estas quarta-feiras de frio. O sol queima, mas a lua afaga. Deito todas as noites na cama para embaralhar os astros e colapsos que dançam em chama.
Sobra a fé e a amargura. Que o vento venha e cure cada uma dessas angústias que desarticulam a continuidade da vida. Confio no silêncio e no futuro os beijos e as tardes de sossego que o tempo tira. Nego todas e qualquer uma das mentiras que atrasam o perpetuamento do encanto que mergulha profundo pela percepção plena. Meus versos vão, mas voltam. Entorto o leme e solto a corda para encarar mais outra vez o mar em revolta.
Um comentário:
tempos estranhos de volta. tudo o que eu queria!
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