quinta-feira, outubro 08, 2009

Sexo

Ela tinha mesmo era medo do silêncio. E também por isso cantarolava sozinha no escuro todas as noites quando já estava deitada na cama, ficava desenhando com os dedos no teto as letras do seu nome, rememorava as últimas quatro ou sete desventuras que tinha escrito, e seguia sorrindo largamente tropeçando nas músicas que arrastava não por simples necessidade. Puxava o rádio desligado para perto da cama e apertava os botões com calma, já tinha decorado que o segundo da esquerda para a direita colocava a música para desligar em vinte e cinco minutos. Então agradecia – mas não a alguem ou a alguma força mágica superior – e virava de lado, bem de lado, que era para poder dormir ouvindo o barulho que vinha dos vizinhos de baixo, que estavam sempre acordados.

Bernardo Biagioni

2 comentários:

kika menin disse...

saudades!
adoro seus textos, sempre passando por aqui!
beijos

MFernanda disse...
Este comentário foi removido pelo autor.