Recusou todas as minhas chantagens, meus bilhetes de viagem e todos os versos mais sinceros do mundo que, por uma noite e apenas uma noite, eu quis escrever e desenhar por todo o seu corpo. Me deixou perdido na rua como um louco, dirigindo por cada distrito, cada cidadela, bebendo sozinho, contando histórias vencidas e tragando dois, quatro e cinco maços de cigarro por dia, bêbado, sempre bêbado. E eu continuava insistindo, pedindo e implorando, mostrando nos mapas os caminhos da vida, brincando com a fumaça embriagada e trocando de sorrisos enquanto o vento se ocupava de correr com força contra seu redemoinho de cabelos. Então parti sozinho, mais uma vez sozinho, e pelo retrovisor eu fui vendo a lua, as estrelas e as luzes da cidade dançando, ondulando e mergulhando devagarzinho pela linha invisível do horizonte. E você lá ficando, o mundo inteiro ficando, tudo sumindo, chorando e o nosso destino se despedaçando pelas rachaduras tímidas de cada uma das estradas. Exatamente como todas estas últimas trinta e tantas madrugadas.
Bernardo Biagioni
Bernardo Biagioni
Um comentário:
que lindo :) me identifiquei haha
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