Enfim é domingo. Só me restou agora todo esse suspiro correndo perdido, as marcas dos cigarros nas roupas e as roupas sujas, amassadas, rasgadas por seus dedos trôpegos e certeiros. Um silêncio inquieto embotado no peito, minha vida inteira sem jeito de se acertar nos trilhos dos dias que viram noite e de todas essas nossas noites que viraram dia. Penso tanto em nós dois, no que fomos, no que nunca poderemos ser e, mais do que nunca, no que poderíamos ter sido se você tivesse aceitado tudo, sorrido de tudo e não desconfiasse de nada daquilo que eu escrevia inconsoladamente apaixonado. Agora é tarde, muito tarde. Eu já vi que não é sua culpa, mas você não é mesmo livre como eu ficava imaginando que era em todos aqueles olhares que trocamos por aí e por lá. Escrevo para agradecer, para falar que estou indo, e que agora eu vou seguir por essa vida errando, como é certo do meu jeito irreparável de ser. Ser livre.
Bernardo Biagioni
4 comentários:
Lindo! Mas esse é mais triste do que os outros. Dá uma sensação de alívio, por ter percebido o pq e decidido seguir, mas ao mesmo tempo é muito triste pela despedida do que não foi, sem a possibilidade do que poderia ser.
Esse eu queria entender. mesmo.
Lindo, afinal!
bjo!
Mas a Natália Possas explicou tão bem, Flora!
não pra quem se fala. mas o que se sente.
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