domingo, agosto 23, 2009

Iluminados

E agora eles estão se desafiando, dividindo os mesmos cigarros, as mesmas garfadas, as mesmas coxas sujas e até os versos duvidosos da lastimável profusão sonora que se infiltra pelos poros do carro. Acelerando e freiando, indo e voltando e sempre estancados nos próprios passos incertos e por certo desacomodados. Em silêncio e em poucos sorrisos, se arrastando pelos becos escuros, as matas fechadas, as estradas bloqueadas e pelo céu cautelosamente estrelado. Bêbados de paixão pelos perfumes soturnos da noite, os cabelos que voam, os uivos que não dormem e pelas mentes que nunca bocejam. Vivem agora e nunca o depois, são levianamente loucos pelos barulhos e pelas entranhas da madrugada fria que existe na esquina iluminada. E bebem a solidão, a descrença, a fumaça branca e as lágrimas do vento, sempre envoltos no vento, suspeitos, estáticos e inacreditávelmente Vivos. E é isso, exatamente isso: Eles estão inacreditávelmente e encantadoramente Vivos.

Bernardo Biagioni

Um comentário:

Anônimo disse...

Encantadoramente, Vivos.