Naquela última tarde de julho ela estava finalmente indo embora. Olhar distante, conversas perdidas e cheia de velhas vontades; dizia que aquela era a sua hora e que sairia ainda antes de amanhecer. Me deu adeus com a mochila já nas costas; arrastava as malas pelo chão com leveza, tranquilidade e sorria uma tristeza contida. Brilhava. Por mais que se falasse em saudade, futuras vontades e eternas verdades, todo nosso velho tormento agora se entendia. "México", me disse, quando arrisquei a pergunta tirando as mãos dos bolsos. Beijei-a no pescoço - como gostava nos dias de frio - ajudei a colocar uma das malas para dentro do carro e fechei o porta-malas estendendo o braço direito. Dei dois passos para trás, talvez três, e deixei que ela saisse da garagem com calma. Fiquei então em pé na calçada, olhando nossa vida toda indo embora e sorrindo, esperando que o vento voltasse a soprar mais uma vez. Apenas mais uma vez.
Bernardo Biagioni
Bernardo Biagioni
Um comentário:
México é um bom destino quando não se sabe p onde ir =)
Postar um comentário