terça-feira, julho 07, 2009

Go!

Estava torto de tão bêbado, lembro de todo aquele cheiro malidiscente do cigarro apagado que trazia entre os lábios. A barba de quarenta e cinco dias, cabelos descuidados, camisa amarrotada e um sapato cheio de lama, grama e remanescencias dos seus meses largados, perdidos e desconcertados. Cheio de histórias, desventuras boêmias pelos caminhos obscuros da cidade iluminada que havia passado em alguma noite despreocupada de Abril. Sorria como se fosse agora livre, simplesmente livre, cantando, dançando e desaforando a vida desafortunada que lhe atormentava por onde se perdia. Duas vezes mais poeta, três vezes mais sofredor e uma dúzia de vezes mais apaixonante, soberbo e vívido, todo seu sorriso sorria pecaminoso e libertino. Tinha enfim se formado em poesia, nobre desarmonia do papel levianamente rabiscado. Estava amando, amando e amando. Amava não a alguém ou a algo especial. Era simplesmente paixão pela vida que estava vivendo, tão pura e sua. Mas acabou partindo, saindo, indo, indo e indo. Me ligou numa noite escura de um velho Outubro e avisou: "Vou rodar o mundo". Daí botou o telefone no gancho, tirou um cigarro do bolso e atrevessou a rua estalando os dedos. O filho da puta continuava dançando.

Bernardo Biagioni

4 comentários:

Jackellyne Oliveira disse...

ele é um filho da puta bem humorado ;)
=*** querido!

Anônimo disse...

...

Anônimo disse...

Você escreve realmente bem, mas parece-me que está caindo no erro da repetição.Creio que tens talento para inovar e se renovar. Sua escrita não precisa se prender ao estilo Jack Kerouac de ser e escrever.Pense nisso!

Yasmim disse...

Muito bom teu blog!