Acabou. Como um tiro, um grito surdo do tempo que não veio para negociar. Acabou assim como acaba o ônibus que dobra a esquina da estrada para então correr pelas entranhas dos campos desfloridos pelo outono impieodoso. É como qualquer outra despedida, mas dessa vez é a Sua despedida. É o fim dos tempos, o suspense inapropriado mesmo ao cinema imundo, a alegria entristecida do fio de água que brota pelos poros das rachaduras do deserto. Dói por cada pedaço do corpo, dorme no escuro profundo da minha garganta um nó miseravelmente desconfortável. Agora existem lágrimas entaladas em cada uma das minhas cordas vocais. E também não há muito o que dizer. Acabaram-se os versos, os perversos sorrisos que sorrimos para o mundo, foi-se a última madrugada quente do ano. Acabaram-se as músicas, os perfumes e os abraços engatados pela incerteza do amanhã. Resta agora todo este pranto, nobre acalanto desumano que brinca pelos meus tímpanos cambaleantes. Resta um medo terno e frio como as estrelas que perambulam pelos céus esquecidos. Amanhã desapareceremos na descrença de nós dois, sumiremos pelos quilometros tortuosos que atravessam nossos lábios dormentes. Amanhã seremos ontem, nossos sorrisos serão fotos e nossos beijos se perderão na desesperança. Amanhã morre Nós dois e Eu e Você estaremos mais uma vez condenados a viver como se jamais tivéssemos existido.
Quanto tempo durou o nosso tempo?
Bernardo Biagioni
Quanto tempo durou o nosso tempo?
Bernardo Biagioni
5 comentários:
escutando "Qual a criança" - Violins...juro q bateu uma tristezinha c esse texto.
tá triste?
fica não... acho q são os seus sorrisos que trazema luz pro mundo.
Que texto intenso e visceral...!!
Alguma coisa tipo Caio fernando Abreu... ;)
Prazer, moço!
Vc é de onde?!
Beijos poéticos! :)
Que texto intenso e visceral...!!
Alguma coisa tipo Caio fernando Abreu... ;)
Prazer, moço!
Vc é de onde?!
Beijos poéticos! :)
Geniaal!
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