Estranho pra caralho. Atravessava o trilho do trem enquanto corria os olhos para onde a linha da maquinaria se perdia, um horizonte inacabado típico de sertão mineiro. Suava feito um gordo maltratado por horas ininterruptas de futebol dominical. Desviei minha atenção para o pedaço de cogumelo que tentava não tropeçar e acabei dando de cabeça no que parecia ser um vestígio de armadura de idade média. Só então percebi que Keurack me olhava, tinha sangue nos olhos como se houvesse sido baleado a segundos por uma Mágnum 157 ou uma arma potencialmente agressiva. Ele não percebia que sua visão estava turva, seus olhos haviam inchado cerca de 5cm ou mais e dava um aspecto aterrorizante: “Um inseto me mordeu”, por fim ele disse. Mais tarde ele descobriria que era algum tipo de réptil em extinção que lhe causaria problemas sérios, talvez uma possível amputação do órgão visual direito. ‘Tudo bem’ pensei, ‘Foda-se este cara, brincou com uma geração de beatniks e pulou do barco quando a brincadeira pegou fogo’. Mais a diante um ser hermafrodita tentava saltar de uma parede com uma dificuldade incrível. Chegando perto pude ver que era Capote, completamente noiádo, algum tipo de droga psicodélica estava zunindo seus ouvidos. A bicha louca se atracava num poste tentando algum tipo de junção que não poderia se capaz de entender. E eu continuava suando, algum tipo de objeto magnético limitava os valores dos meus movimentos, dando uma força estúpida para a gravidade que me atormentava os passos. Por um segundo um calafrio rompeu pela minha espinha fazendo que eu me curvasse instantaneamente para trás, não havia dúvidas, eu estava sendo seguido. Algum músculo posterior do meu corpo fez com que meus passos fossem acelerados, num sinal claro de que a adrenalina começava a fazer efeito assim mesmo que entrou em contato com a corrente sanguínea. Algum tipo de negro maluco vinha correndo com um instrumento de sopro na mão, na camisa dava para ler uma frase que parecia dizer: “Birth of the Cool”. Não há de ser Miles Davis, este aí já revira no sarcófago como se ainda estivesse sendo consumido por um solo de jazz interminável. ‘Tem que ter algum tipo de saída deste lugar’ pensei enquanto acelerava ainda mais o meu passo. Olhei para trás e percebi que uma multidão de hippies malucos me seguia, os olhares eram de paz, mas um medo desumano percorreu cada milímetro do meu corpo num pedido ensurdecedor: ‘corra, esse bando de maluco vai chupar seu sangue’. Assim que pensei em acionar algum tipo de dispostivo que pudesse me colocar em voô em segundos acabei tropeçando numa garrafa de Heineken 700ml que jazia prostrada no meio de um lamaçal violento. Antes que pudesse retomar o fôlego perdido para a correria depravada fui subitamente sugado pela garrafa, numa cena típica de Aladim e lâmpada mágica. Entrei, sentei e curti. É daqui que eu escrevo. E daqui eu não saio. Welcome Home.
quinta-feira, janeiro 24, 2008
Trincando na Lâmpada da Heineken – Primeiro Eu, Você é o Próximo!
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Um comentário:
bernaardo, heineken ficou otimo!
saudade q eu tava de ler tudo aquii
:D
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