quarta-feira, outubro 03, 2007

(P)ode à Loucura

Versos viciosos sendo suspirados pelo canto entreaberto da boca. Em contato corriqueiro com a conta-cultura deixei-me alienar pelos seus preceitos mais vis. Meu cérebro definhou ao som do violino que tingia as vibrações do ar, feito um timbre covarde percorreu todo o espaço vazio corrompendo minha vaga lucidez. Se regares bem o manicômio da minha alma encontrará vestígios de inteligência, pipocada pelos cantinhos escuros da silhueta levemente apagada dos pulmões. E se regares também o assoalho que sustenta meus pés fará com que brotem mudas e mais mudas de uma droga esverdeada. Tenho sede, e só encontro alívio na garrafa de cerveja vazia que é chutada pelos quatro cantos do quarto à medida que traço meus passos. Esqueci-me das regras precisas de estruturação de uma ode, e por isso me abstenho do dever moral de permanecer pelos padrões. Estou completamente louco, as mãos tremem no ar, e se não fosse pela sua materialidade, estariam em reverberação, em um efeito semelhante ao eco, embora tenham espaçamento de tempo mais breve. Por um momento julguei estar flutuando, e me privei da vontade intima de chegar ate a varanda, sobretudo para ver de perto o barulho incessante que corre pela rua. Se estivesses maluco também compreenderia melhor o meu estado, e talvez caísse em gargalhadas ao meu lado, por motivos até então desconhecidos. Mas malucos só são prazerosos quando maluco estamos, daí o meu interesse por hospícios. Sairia em fuga agora por aquela porta surrada com uma madeira velha, de uma tipóia qualquer, mas tenho substancias correndo pelas minhas veias que retardam os meus atos, físicos e psíquicos. Em outro momento levaria Raoul para passear, mostrar que posso ser tão descrente quanto Ele, a começar por esta prosa que de ode não carrega nada, e que talvez por isso, não consumará um bom final.

Vamos Raoul, vamos!


Dellazzart.

Biagioni.

4 comentários:

Anônimo disse...

Bernardo,

seu texto está brilhante como...como li (já que você não mantém produção constante). Novamente, gosto da sua lingaguem e das suas construções. Mas como me ofereceu-o para ler, infiro que me permita comentar.

Primeiro, gostei muito de sua referência à Raoul, enriqueceu o trabalho. =)

Como fiquei sem a certeza da definição de gonzo (para poder ler melhor seu texto), pesquisei e encontrei uma definição que eu achei bacana: "um estilo totalmente subjetivo, que reflete a personalidade do autor e sua interpretação do fato. Usando todas as técnicas do Gonzo, de captação ultraparticipativa, não separação da figura do jornalista e de sua obra (subjetividade extrema), escrita com liberdade literária. Pode-se dizer que o Gonzo é a mais sincera das categorias de Jornalismo.".
Em suma, apesar da liberdade literária de até mesmo te permitir Não Noticiar algo por inteiro ou necessariamente Real, você precisa ter um sujeito para, pelo menos nortear. Seria esse sujeito a ode, a loucura, a um delírio puro e simples, uma (suposta) vivência em um "hospício"...

Eu até faço uma idéia da resposta, mas como é jornalismo gonzo e não uma produção literária livre, imagino que tenha esse motivo um pouco mais claro.

Bom, posso estar errada, me desculpe, mas como sei que é bom escritor, imagino que deva estar aberto para discussões, inclusive para me provar (?) se estou errada! =)

De qualquer forma, volto a dizer: seu texto é bom, em qualquer que seja o enquadramento literário. =)


Aproveito para dizer que sempre achei bacana o Overmundo e num sabia que boa parte das participões eram creditadas à você!

Bjs!

Anônimo disse...

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Anônimo disse...

muito bom o texto!
não me atrevo a ser tão especifica quanto a Mari, mas o estilo e o vocabulario usados nos teus textos muito me agradam.

Anônimo disse...

do caralho