terça-feira, junho 12, 2007

Adeus!

Estou partindo. As malas estão prontas, o destino é incerto. Carrego comigo um pedaço daquele teu sorriso, dos seus - “bom dia” - tímidos corridos pelo canto da boca. Levo nos meus braços os seus abraços, tão firmes e inseguros, como quem segura um copo cheio de água na mão. Não hei de chorar, sou homem demais para sustentar essa separação como algo natural, que deveria acontecer cedo ou tarde (snif). Tenho as pernas trêmulas, confesso. Meu corpo é arrastado por passos fracos, que atingem o chão com desespero desigual. Não sei se quero ir, mas a vida vai me empurrando, é inútil lançar os remos contra a maré oscilante. Sentirei saudades das nossas trocas de olhares, daqueles segundinhos miseráveis que me levavam de volta a uma infância inocente, digna de um ser normal. Odeio confessar, mas tenho medo, quando deito minha cabeça no travesseiro fico perguntando o que será de nos dois, ou mesmo, o que foi de nós dois? Fomos somente uma troca de olhares, um dúzia de sorrisos? Fomos vitimas de um destino adorável que estancou em nossos peitos a vontade incontrolável de amar e ser amado? Sou uma caixinha de duvidas, lançada pelos quatro cantos do quarto como um brinquedinho descartável. Pois é hora de partir. A noite se anuncia, os pássaros saem à espreita de um refugio seguro. Vou saindo, mergulhando no breu da noite, nadando de braçadas em direção à saudade de nos dois, que já começa a consumir meu corpo nesse exato instante.


Bernardo Biagioni

2 comentários:

Ju Seif disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

garota de sorte por merecer tamanha admiracao!