quinta-feira, maio 03, 2007

Drink

Consuma meu corpo. Consuma bem, como quem vira num gole o resto de coca-cola numa latinha quase vazia. Sorva meus versos imaturos, de criança mal-criada revoltada com a professora. Trague meus pensamentos, e deixe a fumaça intoxicar o fumante passivo que me olha curioso. Beba-me a juventude, ou vestígio dela, que ora cisma em dar as caras por este corpo sedento. Usurpe minha alma, decepe-a, esquarteje as partes que lhe fazem gosto. Estou me entregando por inteiro, feito Cristo fez para a salvação dos homens. Deixo que entrem sem bater a porta, sem pedir senha ou pedido de identificação. Quero mesmo que entre, e me tome por inteiro. É proibido proibir, prego tanto a libertação de vossos corpos, jamais daria um passo atrás agora. Estou aqui pra ser pisado, questionado, não para ser elogiado. Quero que me conteste, quem sou eu para ficar falando de liberdade? Venha, venham todos, estou estendido na cruz esperando a primeira pedra a ser atirada.


[Reaja] Bernardo Biagioni

Um comentário:

kanpeao disse...

essa ai eh d subi o calafrio na espinha