terça-feira, junho 15, 2010

Quero te contar sobre a garota que eu amo

Nos apaixonamos pela primeira vez em um bar, no meio da cidade, no brilho dos seus olhos por cima das duas garrafas de cerveja vazias em cima da mesa eu percebi que tudo dali para frente não seria nada momentâneo, nada passageiro. Trocamos não mais que duas ou três frases – ou talvez um pouco menos - todas as nossas palavras eram rapidamente sucumbidas pelo barulho dos pratos da bateria que oscilava descompassada nas baquetas firmes nas mãos do sujeito negro escondido no fundo do palco, ele sempre sorria cinco segundos antes da música finalmente se libertar da alma do homem barbado que cantava todo o tempo de olhos fechados. Toda vez que eles sorriam a gente se entreolhava, se gostava escondido, era sempre como se tivéssemos nos desprendendo do mundo real das coisas, das vidas que vivemos até então, ela em sonhos, eu em sonhos desmedidos.

Antes da música terminar eu a puxei para perto, caminhos juntos para o fundo do bar e encostados em uma parede escura nos beijamos uma, quatro, oito vezes, até os nossos lábios adormeceram na felicidade profunda que corria impune pelas curvas sinceras desenhadas nos nossos rostos. “Vamos embora”, eu disse, ou ela disse, e agora seguimos de braços dados até a porta, até a saída, onde o universo inteiro nos esperava para mostrar que os nossos olhos estavam acometidos de Vida, de liberdade descabida, irreparavelmente prontos para enxergar tudo de forma diferente, como nunca fora realmente. Mergulhamos então na madrugada, nas nossas almas apaixonadas, e seguimos cantando até o meu carro – ou o seu carro – prontos para ir para qualquer lugar. Exatamente como sugeria aquela música que ouvimos em silêncio no bar.


Bernardo Biagioni
Led Zeppelin - Hey, hey, what can I do

2 comentários:

Anônimo disse...

Você já foi mais criativo. Ficou repetitivo, de uma hora para outra.

bárbara mozelli disse...

Engraçado, é um dos meus favoritos!