Levantou os olhos e o sol já estava lá, impune. Olha – ele falou – esticando os dedos para tocar nos fiapos de luz que desciam meticulosos pelos traços adormecidos dela, que estava deitada ao seu lado com os pensamentos cerrados, longe de acordar. Sentiu um desejo doce de beijá-la, mas conteve-se quando percebeu que poderia despertar alguns daqueles sonhos encantadores que dançavam invisíveis por sobre seus cabelos embaraçados.
Levantou agora sobre as suas próprias pernas e se pôs a andar em direção ao astro, relutante contra a violentude dos raios que lhe incomodava as pálpebras recém-despertadas. De quando em vez se virava para trás para ver ela, e para ver a sua sombra, a sua silhueta que dançava involuntária pelo chão colorido de amarelo claro, como são os girassóis.
Levantou os braços para o oeste e sentiu a insustentável leveza do ser invadir cada extremidade do seu corpo, da sua alma estirada às nuvens que se dissipavam compassadas no céu azul. Felicidade – sentiu, e sorriu logo em seguida, sem mesmo perceber que continuava andando, caminhando, arrastando os passos pelo assoalho como passeiam os passos de tango. Fechou enfim os olhos, garantindo antes uma última olhadela para o vento, para o tempo, e para ela.
Mandou um beijo, não despediu.
E então começou a voar.
Bernardo Biagioni
Levantou agora sobre as suas próprias pernas e se pôs a andar em direção ao astro, relutante contra a violentude dos raios que lhe incomodava as pálpebras recém-despertadas. De quando em vez se virava para trás para ver ela, e para ver a sua sombra, a sua silhueta que dançava involuntária pelo chão colorido de amarelo claro, como são os girassóis.
Levantou os braços para o oeste e sentiu a insustentável leveza do ser invadir cada extremidade do seu corpo, da sua alma estirada às nuvens que se dissipavam compassadas no céu azul. Felicidade – sentiu, e sorriu logo em seguida, sem mesmo perceber que continuava andando, caminhando, arrastando os passos pelo assoalho como passeiam os passos de tango. Fechou enfim os olhos, garantindo antes uma última olhadela para o vento, para o tempo, e para ela.
Mandou um beijo, não despediu.
E então começou a voar.
Bernardo Biagioni
3 comentários:
Que lindo! Tudo lindo, muito, muito, muito!
E o som das asas a desperta. Cega pelos raios que desenham a silhueta dele em vôo, cerra as pálpebras e evoca o mito de Ícaro.
A violentude dos raios cumpre a missão : Asas de cera, penas ao vento e ele, em vertiginosa queda, encontra nos braços dela, o conforto, a salvação.
Me beija - ela falou - É assim que amam os Deuses. E os girassóis voltam-se para o casal, que agora emanam, mais LUZ e CALOR que o próprio SOL.
Meu brother, não resisti, sou Harpia e amo como os pássaros !
Grande abraço e VOAAAAAAAA !
Ei Bernardo,
Nem sei como encontrei seu blog, mas adorei! Seus textos são ótimos.
Parabéns! Depois visite o meu www.matandoafomecultural.blogspot.com.
Abraços
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