terça-feira, setembro 29, 2009

Despedidas

Meu amor, estou indo. Deixo aqui minhas últimas palavras presas perto da maçaneta da porta, minhas chaves ficam no parapeito da janela – como a gente combinava – e está tudo exatamente como você gosta, duas caixas de som ligadas, as luzes apagadas e as portas cuidadosamente destrancadas nas duas trancas prateadas. Trouxe comigo aquela nossa foto de braços abertos na estrada, os nossos dois últimos bilhetes de viagem – você sabe que eu gosto de colecionar – e a mochila grande, a maior delas. Ainda não sei o que vou fazer, mas andei pensando e talvez o melhor mesmo seja deixar essa cidade, essas minhas bobagens, e ir por aí sem medo. Preciso respirar, me libertar de verdade e sentir falta de você. Eu preciso sentir a falta de você.

Bernardo Biagioni

3 comentários:

Anônimo disse...

as vezes eu acho que voce escreve sobre minha vida, e não a sua

Anônimo disse...

''Saudades! Sim... Talvez... e porque não?... Se o nosso sonho foi tão alto e forte. Que bem pensara vê-lo até à morte. Deslumbrar-me de luz o coração! Esquecer! Para quê?... Ah! como é vão! Que tudo isso, Amor, nos não importe. Se ele deixou beleza que conforte. Deve-nos ser sagrado como o pão! Quantas vezes, Amor, já te esqueci, Para mais doidamente me lembrar, Mais doidamente me lembrar de ti! E quem dera que fosse sempre assim: Quanto menos quisesse recordar. Mais a saudade andasse presa a mim!''
[Florbela Espanca]

Anônimo disse...

''Saudades! Sim... Talvez... e porque não?... Se o nosso sonho foi tão alto e forte. Que bem pensara vê-lo até à morte. Deslumbrar-me de luz o coração! Esquecer! Para quê?... Ah! como é vão! Que tudo isso, Amor, nos não importe. Se ele deixou beleza que conforte. Deve-nos ser sagrado como o pão! Quantas vezes, Amor, já te esqueci, Para mais doidamente me lembrar, Mais doidamente me lembrar de ti! E quem dera que fosse sempre assim: Quanto menos quisesse recordar. Mais a saudade andasse presa a mim!''
[Florbela Espanca]