terça-feira, setembro 09, 2008

Estrada

Mas, me diz: e se eu largar tudo? Largar o verso, o caminho, o sozinho e o inverso? E se eu sair pela estrada? Largar mão de sofridão, solidão e futura namorada? Apostar a minha miséria, colocar a minha cabeça à prova? E se eu deixar pra trás o escrito, o versículo e o proseado matinal? O Sorriso, a rosa e a cola? Largar mão da droga, da ex-sogra e o temporal. Cansei, não vale? Pensar dói, escutar machuca. Sou menino, olha? Não sei negociar, pechinchar, reclamar ou desconversar. Eu sou menino, não vê? O meu destino não prevê tamanha cobrança. Eu quero minha raiz, não crê? Quero a poesia sincera que marcou meus dedos de tinta. Não quero maquinizar, padronizar e nivelar. Preciso voar. Me deixe ir, senhor doutor? Me deixe arregaçar as mangas arregaçadas e descobrir o mundo - de novo. Eu quero de novo. Chega de tempo, atento, tormento e ilusão. Eu quero os 20 anos que você me mandou ter. Me dá? Largar mão de bobagem alheia, desapontamento e carreira. Me dá uma dose de liberdade, picaretagem e sinceridade? Larga mão de mim. Me vê uma estrada?

Bernardo Biagioni

domingo, setembro 07, 2008

Desencontro Marcado

Ah! A maneira como ela joga os cabelos para trás. O homem é bobo, não percebe a sutileza, a coesão dos movimentos. A forma como empurra os problemas do mundo para a esquina da vida. Ela anda com seu vestido rodado rodando os anseios dos medos, contornando as incertezas dos desejos. A facilidade com que prosa, roga as alegrias alheias para uma composição amena de tranquilidade. Ela canta e não descobriu. Ela gesticula os versos menos perversos que o tango cigano ousou arriscar. É uma valsa. Ela valsa com os tormentos dos momentos que esqueceram de chegar. A maneira como conversa. Versa uma organização perfeita de palavras certeiras para um coração apaixonado. Envolve ainda o descrente, crente que o amor se esqueceu de amar. Ah...E quando ela brilha os olhos. A fraqueza é tão forte que parece de propósito. Acorda o meu coração desacordado do poder da desilusão. Eu quero encontrar o desencontro desse encontro. Se o desEncontro não fosse um encontro, ele não teria a hora marcada estampada alí no fim. Vem hoje! Vem depois! Eu te quero assim: perdida no encontro de nós dois.

Bernardo Biagioni.