domingo, maio 06, 2007

Sambinha

Vim para serestar uma melodia, uma triste poesia do mendigo que bateu à porta. Vim porque precisava vir, a inspiração clamou-me os versos, mesmo que incertos e perdidos em uma telinha virtual. E estou para cantar, porque lá fora explode um silêncio de mentiras e covardias. Venho sambando, porque assim descanso meus pés das injurias pequeninas. Estive sorrindo, e ora sinto egoísta por cultivar a felicidade em dias de guerra. Cantarolando uma cantiga velha, dessas que só batem nas janelas dos amantes senis. Venho em paz, confusão já tem demais. Venho iludido, de que dias melhores engatinham pelo chão sujo da avenida. Trago em meus braços o carnaval, triste vendaval de quem prefere o bolero inglês. O samba é de raiz, de brasileiro inconformado com a discrepância social. Não toco techno trance ou electro-house, boto para arranhar um vinil antigo e vejo futebol. Sorria! Você não está na Bahia, mas esta no país da maravilha tropical. E vou terminando, não por cansaço, mas por mera distração. Estive perdido pelos becos escuros, mas vim iluminado pelo vil calor desse horror. Sinto-me bem, mesmo não caindo em desgraças por alguém. Por isso, peço que arranque este corpo sedento da cadeira e se junte a esse pobre falastrão! Espero-te com caixinha de fósforo, pandeiro, cavaquinho e violão.

Venha, e entre sem bater.

Bernardo Biagioni

2 comentários:

luísa disse...

'Venho sambando, porque assim descanso meus pés das injurias pequeninas.'

Saravá, meu pai. Saravá!

kanpeao disse...

fluxo bom esse