sábado, agosto 30, 2008

Corra.

Escreva. Na dúvida aponte o teu lápis desapontado e escreva. Na certeza, apague. Corra os dedos pelos cabelos ao menos duas vezes ao dia. Tenha certeza de que a calvície ainda não chegou. Ouça música. Faça música, sempre, todos os dias. Compre um violão, por que não? Afine as cordas desafinadas e toque. Se desafinado, toque mais alto. Brinque com os brinquedos da vida antes que ela faça de você um brinquedo. Corra. Não por emagrecer, dieta ou merda parecida. Corra por prazer. Descalce os calçados que estiverem caçando a sua vida. Sinceridade. Você já foi sincero hoje? Mas, minta. Minta para falar a verdade. Seja verdadeiro na hora de inventar a mentira. Arrisque-se, já tentou? Na dúvida, siga em frente. Na certeza, fique quieto. E ame. Não por emagrecer, dieta ou merda parecida. Ame por prazer. Desamarre o seu coração amarrado na prisão da vida e se entregue. Venha ser preso. Venha ser solto. Corra!

Bernardo Biagioni

terça-feira, agosto 05, 2008

Valsinha V

Quanto vale o desgosto de gostar de você? Encarar-te os olhos e enxergar os meus medos mais íntimos adormecerem. Quanto vale a graça da desgraça de precisar de você? Caminhar sozinho pelos caminhos sombrios da cidade iluminada e lembrar dos teus olhos. Sentir-se se seguro. Quanto vale a segurança de sentir-se seguro? Abraçar os teus amassos apertados no banco de trás. Vamos lá pra trás? Quanto vale escrever-te as palavras certas? Me custaria a vida, me valeria a sorte? Eu descobri que te amo, pode? E eu não sei amar, nem mentindo, nem me fazendo acreditar. O toca-fitas enferrujado insiste em lembrar de nós dois. Eu te quero, depois. Escorregar o meu pensamento insatisfeito pela satisfação de querer-te. Quanto vale um cinema com você? Eu quero me mudar para uma câmara escura. Eu quero um rolo cinematográfico rodando a história de nós dois. Eu preciso de você, pois. Alimentar os meus dedos de paixão e deslizar os meus versos viciosos sobre teu corpo carente. Quero deitar-te de bruços e despejar sobre ti os meus versetes mais decentes. Eu te quero perto. Quanto vale ter você por certo? Mentira, eu não quero certezas. Me satisfaço com a legítima frieza de praguejar. Ajoelhar-me aos céus, declamar o meu penar. Estou sofrendo, não é lindo? Estaria mentindo se reclamasse o meu caminhar. Estou à caminho. Quanto vale você comigo? Dividir contigo os prazeres mendigos de uma vida iluminada. Quero dançar a Valsinha cinco. Tantas vezes brinco, mas agora eu vou me endireitar: Quanto vale o teu coração? Arremate, coloque a leilão. Eu vou te comprar.

Bernardo Biagioni.