sexta-feira, abril 23, 2010

Esta não é uma carta de amor

Escute só todo este aperto do meu peito, chegou a hora de você tirar proveito de todo o despeito que causei em você nas palavras passadas, nas cartas não assinadas, nas madrugadas acordadas que atravessamos sozinhos em nossas casas vazias, nossos corações sentidos, sofridos e erroneamente perdidos. Sinta só a minha infelicidade, os meus textos tristes arrastados pela saudade – desde que desistimos da nossa história, tudo que fiz foi imaginar quais seriam os próximos capítulos, os próximos versículos, as próximas dezenas de cenas que poderíamos ter escrito juntos.

Depois de você, eu nunca mais fui o que costumava ser, nenhuma manhã amanheceu como antes, nenhum sol entardeceu como durante, e nenhuma noite anoiteceu como depois. Minha vida se dividiu em versos, minhas músicas perderam-se em sentidos incertos, caminhei sozinho por ruas e esquinas, em prosas e poesias, tentando inutilmente te encontrar. Da noite para o dia virei errante, andante do desamor, tudo que escrevi voou com o vento, embaralhou no tempo e foi mergulhar no mar. Depois de você – e da noite para o dia – descobri enfim o que era amar.


Bernardo Biagioni

2 comentários:

Flora Saraiva disse...

q sorte desse sru destinatário!

mari freitas disse...

adoro os teus textos, eles me tocam de um jeito mágico...