segunda-feira, maio 15, 2006

Fica?

Quando eu penso em você minha serenidade é posta em prova. O passar dos segundos, mísera medida de tempo, corroe minha alma numa chama febril. Se meus olhos escorregam para aquele retrato teu, fazem-se em inútil chuva, já senil. Meu pensamento se descontrola em contentamento doente. Só de pensar em pensar em você meus dedos reclamam e clamam por pedaços de papel. Pergaminhos à solta, espalhados pelo meu quarto e fustigados pelos passos que traço. Seu nome está escrito no teto, no verso, no espelho do banheiro e até no meu destino incerto. Sua ausência me consome e me some aquele dom de ser feliz que se expressava tanto, mesmo corriqueiro. Os muitos passos que arrisco pela casa são vestígios sofridos de esperança que tão pouco me resta. Na cozinha, cozinha-se lembranças de um ultimo beijo teu. No quarto, minha alegria é esquartejada em pedaços tristes de melancolia aguda. As vezes me prendo de fato, nos cômodos, nos vácuos só para tocar, recostar onde um dia você encostou. Mesmo a torneira ou o chuveiro já estão em lágrimas de tanto ver como estou. Sim, me deixou eu farrapos, maltrapilho mal-tratado, em versos decadentes, viciosos, preenchidos em lacunas lotadas. Nem mesmo com todas as luzes acessas, até aquela velha luminária perdida naquela antiga gaveta foram capazes de iluminar-me os medos. Resta-me somente pranto, traços suaves do acalanto que você me ensinou pra te ninar. Resta o mimo de meus versos que tanto lhe dediquei para você somente os olhar. Se for preciso volto a tua janela, compro outra viola pra te serestar. Compro ainda uma flor bela, e te levo pra jantar. Mas te peço, com sinceridade, não se vá assim, levando parte de mim e me ancorando em saudades. O meu coração todo te pertence, até mesmo essa dor pinta-me contente. Não vá não, fique dez, quinze, vinte minutos. Um dia, dois, invente! Num ligo nem mesmo se dizer que prefere ficar para sempre!


Fica?

quinta-feira, maio 11, 2006

Na Locomotiva

Locomotiva

Cruzando Minas Gerais nessas locomotivas antigas que costumam parar em todas cidades históricas, tive a oportunidade de encontrar um velho senhor. Carente de palavras, ele mesmo veio logo puxar assunto para suprir esse triste habito de armazenar vivências em um coração tão sedento. Pois veio me contando da família, filhos, causos, melancolias, passado, futuro. Em casa frase, ou melhor, verso, eu sentia a poesia dos seus olhos se misturar com a beldade de suas palavras. Era um homem sofrido como qualquer outro, condenado ao amor perpétuo a sua esposa falecida e a lenta falência de seus sentidos. No meio de um desses versos ele rasgou um, leve, solto, como se fosse miserável, indigno de consideração. Pois assim dizia: “aproveite bem a vida menino”. Pois sim, estava ali, perdido no corpo já senil do homem, a chave, a saída, que tantos buscam sem saber. A vida não é digna de tantos medos, tantas incertezas. Não vale a pena ficar por ai se lamentando pelos cantos enquanto a nossa única chance de ser feliz se escorre pelos prantos. Enquanto você chora, esconde, some, um outro por ai esta realizando o sonho que você não vive. Tristezas devem ser sentidas, lágrimas devem ser escorridas. Mas de cada gota, deve brotar uma flor que nos conduza a uma estrada alternativa. Sim, a vida é mais que uma única rodovia principal, existem atalhos, entradas distintas e saídas para todas elas. Não é porque um sonho seu não se realizou que você vai viver de tristezas, a alegria abrirá outras portas e janelas para você entrar. Não perca a chance de ser feliz, de aproveitar cada mísero segundo que escoa do seu relógio. É como esse homem diz, aproveitar.

Mas pior que ver a triste velhice em seu rosto, foi escutar de seus lábios que sua pobreza estava caindo-lhe os ombros... Que pena que não sabia o quanto era rico... muito rico!

“A Vida é agora”

Bernardo Biagioni

quarta-feira, maio 10, 2006

Apresentação

Já cheguei a estruturar dez blogs diferentes, cada um com o nome. Personalizava tudo direitinho, figura de fundo, cores, tamanho de letra, mas na hora do colocar no ar meu primeiro “post”, puf, vinha um branco em minha mente. Afinal, como é que nos devemos se apresentar para o mundo (se me permitem a hipérbole)? Devo dizer meu nome meus interesses e mandar todo mundo voltar amanhã pra ver as novidades? Seria um tanto quanto egocêntrico falar somente de uma única vida, e contar que isso renderia visitas eternas a esse mero blog. Então, me diga! Como devo me apresentar para que você volte amanhã ou talvez depois de amanhã? Paulo Coelho (não que eu goste) começa um de seus livros dizendo: “Era uma vez uma puta”. Talvez deva escrever algo parecido... Que tal: Eis que vos escreve um gigolô. Não, melhor não. Começar as coisas sempre foi uma tarefa árdua, fácil é desenvolver, terminar, colocar um final dramático para que o publico saia do cinema chorando. Mas, vamos lá, antes que eu apague esse texto todo e desista mais uma vez. Bernardo Biagioni, 17 anos, natural de Belo Horizonte e você poderá encontrar coisas novas por aqui quase todos os dias.
No mais é isso, não sou uma puta, ou um gigolô, mas tenho muita historia pra contar.
Sinta-se a vontade para ir embora ou voltar a hora que bem entender!
Abração!