sexta-feira, novembro 21, 2008

B.B.

Sou o poeta que consome os desprazeres da vida. Sorvo das íntimas misérias que abalam os versos sinceros de outrem. Sou o incrédulo indiscreto que corre os olhos pelos caminho de outrora. Bêbado, maníaco e alucinado vou me arrastando pelo cotidiano massacrante da aurora. Sou o desencontro macabro da penumbra matinal. Os sorrisos perdidos nas despedidas de desdém. A mentira que corre pelo corpo e não volta. Sou a volta do crepúsculo tardio que não foi. Viajo no tempo sem você e com ninguém. Mergulho nas profundezas messiânicas para erguer-te um salvador. Sou fraco e forte, numa mistura ainda aquém. Sou rápido e ríspido, como nos desenhos da esquina. Desatraente e senhor do meu próprio desatino, sou o que há de pior em você, também. Incoerente e inoportuno - Eu sou uma farsa, meu bem.


Bernardo Biagioni